Ocupado há 8 anos, o terreno de 1,3
milhão de metros quadrados pertence à massa falida da empresa Selecta
S/A do dito empresário, na verdade megaespeculador, Naji Nahas, acusado
pela Polícia Federal por operações fraudulentas na bolsa de valores,
utilizando suas empresas, inclusive a Selecta, para gerar especulações.
Estima-se que cerca de 9 mil pessoas vivem na comunidade.
Uma mega operação com cerca de 2 mil
soldados do batalhão de choque, helicópteros e carros blindados agiu
desde às 6h da manhã de ontem com muita repressão e truculência. Os
moradores resistiram a deixar o local, tentando impedir a entrada dos
policiais na ocupação e assim começaram os confrontos. Balas de
borracha, bombas de gás-lacrimogênio e de efeito moral, muita cacetada e
até balas comuns fizeram parte da operação contra homens, mulheres,
crianças e idosos.
Dados oficiais anunciam que, até agora,
31 pessoas foram presas. A polícia acusa todos de serem suspeitos de
envolvimento com tráfico de drogas, roubos e outros, e afirma que a
desocupação tem sido pacífica com exceção desses casos, porém os
moradores negam essa afirmação.
Não há até este momento nenhuma
confirmação de mortos ou feridos por parte da polícia e a imprensa
anuncia ter informação de 10 feridos. No entanto, segundo informações
dos militantes do MTST, ao menos 3 pessoas foram assassinadas, entre
elas uma criança de 4 anos de idade, que chegou morta ontem as 18hs ao
PS Vila Industrial após levar 1 tiro de borracha no pescoço.
“Temos várias testemunhas, mas os
hospitais – por ordem expressa da prefeitura e da PM – não confirmam as
informações, temendo ampliar a indignação e a resistência”, informa
Guilherme Boulos, militante do MTST, em informe por e-mail.
Conflito de competências ou luta de classes?
A polícia cumpre uma ordem emitida pela
juíza Maria Loureiro, da Justiça Estadual, para reintegração de posse.
Entretanto, o Tribunal Regional Federal (TRF) estabeleceu uma liminar
suspendendo a reintegração. Este “conflito de competências” do
judiciário foi remetido ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), mas,
antes mesmo de seu parecer, a decisão estadual foi acatada, demonstrando
mais uma vez que a justiça nessa sociedade tem lado e defende os
interesses da burguesia.
Hoje, militantes do MTST, entidades e
pessoas apoiadoras ocuparam o Ministério da Justiça em Brasília com o
objetivo de pressionar o Governo Federal a enviar tropas da Polícia
Federal para que a decisão do TRF de São Paulo que cancela o despejo do
Pinheirinho seja cumprida.
Segundo o MTST, “uma oficial de justiça
do TRF esteve ontem no despejo para notificar o comandante da PM de SP
para parar a operação, mas sem o envolvimento da Polícia Federal isso
não ocorrerá”.
“A Polícia Federal tem o dever legal de
cumprir a ordem da Justiça Federal, por isso ocupamos o Ministério”,
completa o informe do Movimento."
Fonte:
Jornal "A Verdade" (www.averdade.org.br)
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